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Arte e Cultura - Perguntas para se pensar:
Somos nós a alternativa para a cultura?

Nossa fé é reconhecida pelos de fora, como viva e verdadeira, autentica e frutífera, transformadora e compassiva? Diante dos desafios do mundo moderno, que tipo de progresso nossa fé e o Evangelho estão alcançando?

Essas são algumas das questões que nos tiram o sono. Quando a insônia é demasiada e você precisa relaxar um pouco. Vá ao cinema. Assista por exemplo Tropa de Elite.

O fio condutor de Tropa de Elite é o Nascimento e a Morte. Não estou falando do Capitão Nascimento, apesar de que vemos a morte promovida por Nascimento (o capitão).

A Arte (permita-me destacá-la com maiúsculo) retrata a vida como ela é. As artes (nas suas mais diversas manifestações) explicam nossa época, nossa história, nossas limitações, nossos dilemas. O fio condutor da Arte ao longo dos Séculos tem sido o Nascimento e a Morte. A busca pelo sentido da vida.

É essa busca que transforma nossa existência em uma jornada, uma peregrinação. A Arte vem a ser nosso espelho. A Arte nos revela. A Arte nos estimula.

Por que o cristão não se engaja de maneira efetivamente comprometida com as artes? Qual a razão para o cristão não participar desse diálogo. Arte é conversa, é interação, é manifestação, é ação e reação.

Em tese, se bem endereçada a questão – o dilema, o desafio, a jornada, a busca ... nós temos a resposta. A triste realidade é que na maioria das vezes, nós damos respostas erradas, nos momentos errados, nas formas erradas, pelos protagonistas errados, para os ouvintes errados.

Imagine os grandes nomes do evangelicalismo nacional da atualidade. Aqueles líderes que mais tem impactado o dia a dia brasileiro, a esfera pública, com sua fala, sua imagem, sua pregação, sua influência. É muito provável que sejam nomes que vem da televisão. Alguém que nos persegue – quer diariamente ou semanalmente. Esses nomes que você e eu estamos pensando ... Numa nota de 0 a 10 – onde 10 está para Orgulho Perfeito e 0 para Vergonha Extremada, que notas recebem esses líderes que você pensou?

Gente só estou perguntando! Como bom corinthiano – limitado e semi-letrado, só quero aprender.

Qual impacto o cristianismo assim representado, terá na cultura? No País? Na sociedade, na transformação, nas melhoras? Junto ao povo, na injustiça, na péssima qualidade de ensino, na perspectiva para as futuras gerações? E nos índices que retratam os principais problemas que nos afligem como nação, como sociedade e como indivíduo: corrupção, violência, ecologia, distribuição de renda, qualidade de vida, infra-estrutura, desemprego, sub-emprego, falta de qualificação ... Esses índices, melhoram ou pioram? De novo gente, só estou perguntando! Como bom corinthiano não tenho todas as respostas. Quero dividir essa responsabilidade com vocês!

Voltando para o filme Tropa de Elite, temos um exemplo latente e vigente do dilema do homem moderno. No caso é o dilema do Capitão Nascimento que quer sair do BOPE - sair e sair vivo, em meio a tantas mortes, para curtir o nascimento e a vida de Nascimento Junior (ou Rafael). Tudo isso num contexto que retrata o desafio sociológico-carioca da pobreza, do tráfico, da polícia, da corrupção, do bem contra o mal, e do mal contra o bem, do estado, da vida, da família – enfim o mundo que nos cerca, não importa se neste ou noutro estado.

E para tantos outros bons filhos que se identificam com um ou outro personagem, o filme retrata a vida como ela é, com seus dilemas, decisões, limitações, frustrações, incoerências, perdas, angústias, mortes e ... onde está o sentido da vida?

Sou corinthiano, só estou perguntando...

Estamos num grande caldeirão (uma grande piscina) – essa é uma excelente analogia que encontrei. Ajuda a descrever o estado das coisas para o homem no século 21. E a composição dessa ‘sopa’ em que nos encontramos mergulhados é:
Sexo;
Sexualidade;
Televisão;
Música;
Filosofia;
Publicidade e propaganda;
Política pública;
Política;
Mundo corporativo;
Esportes;
Aquecimento global;
Terapia;
Auto-ajuda;
Arte kitsch;
e mais publicidade e propaganda.
(Essa lista eu tirei da entrevista do professor Kevin Vanhoozer que está para lançar o livro com os papers de seus alunos na Trinity Evangelical Divinity School. O nome do livro: Everyday Theology – que pode ser: A Teologia do Cotidiano).

Vivemos tempos em que essas coisas são mais para caldeirão do que potinho. Ou seja, cada vez mais, nossos interesses, estudos, atuações... tudo, enfim envolve cada vez mais diferentes áreas, sempre muito mais próximas e sobrepostas umas às outras. A cor da nossa vida é muito mais cinza do que preto e branco (pra tristeza dos corinthianos).

Quero destacar uma frase que me persegue. Coloquei-a como bandeira no topo de meu blog. Tirei do irmãzinho Martinho Lutero (corinthiano de longa data):



Se eu professar com a voz mais alta e com a mais clara exposição cada pormenor
da verdade de Deus, exceto precisamente aquele pequeno ponto ao qual o mundo e o
demônio estão naquele momento atacando, eu não estou confessando Cristo, ainda
que ousadamente eu possa estar professando a Cristo. Onde a batalha trava-se,
ali a lealdade do soldado é provada, e estar em outro campo da batalha que não
este é apenas deserção e desgraça, se ele foge deste ponto.

O que está claro para mim é o seguinte: com toda a força da pós-modernidade – principalmente entre os educados (corintianos inclusos – de nível universitário) e os urbanos, é que as coisas mais do que se cruzam re-moldando uma sinuosa linha fronteiriça. O que acontece é que nem mais linha ela é! As áreas de um e de outro lado, na verdade se misturam e criam uma extensa e larga zona não militarizada – onde não existe batalha, luta ou guerra de fato, de direito e de verdade (por mais que os nossos pastores – corinthianos e outros – insistam no contrário).

E por mais paradoxal que pareça – é justamente nessa zona não militarizada que a nossa batalha tem que acontecer! É nesse largo e extenso território em que estamos gastando boa parte de nosso dia e de nossas vidas, que temos a oportunidade de gerar influência, de transformar, de modificar, de conquistar corações e mentes...

Nossa batalha que é uma batalha de compaixão, de amor, de dedicação, carinho, paciência, sacrifício e altruísmo. De nos mostrarmos cada vez mais bem aventurados e menos aventureiros...

O texto a seguir tem 5 dias de idade. É uma transcrição do discurso do escritor israelense Amos Oz ocasião de sua premiação pela Fundação Príncipe das Astúrias, na Espanha (e foi traduzido corinthianamente por mim). Ilustra a potência que tem uma arte:



O mundo da literatura pode encorajar a compreensão entre inimigos amargos.
Se você comprar uma passagem e viajar para outro país, é provável que você veja monumentos, palácios e praças, museus e belezas naturais e lugares históricos. Se você tiver sorte, você poderá ter a oportunidade de conversar com algumas pessoas nativas. Daí ao voltar para casa, você vai levar um monte de fotografias e cartões postais.
Mas se você ler um livro, você ganha uma passagem para o mais íntimo dos cantos de outro país e de outra gente. Ler um conto estrangeiro é um convite a visitar as casas de outras pessoas e os lugares íntimos de um outro país.
Se você é um simples turista, você poderá estar numa rua e ao olhar para uma casa antiga, na parte antiga de uma cidade, poderá ver uma mulher olhando pela janela. Em seguida você continua andando.
Mas se você é um leitor, você poderá ver a mulher olhando pela janela, mas você estará lá com ela, dentro do seu quarto e dentro da sua cabeça.
Ao ler um conto estrangeiro, no fundo você é convidado a adentrar as salas de outras pessoas, o quarto do bebê, a biblioteca, o quarto do casal. Você é convidado a adentrar suas mágoas secretas, suas alegrias familiares, seus sonhos.
É por isso que creio que a literatura é uma ponte entre os povos. Eu creio que a curiosidade pode ser uma qualidade moral. Eu creio que imaginar o outro pode ser um antídoto para o fanatismo. Imaginar o outro, fará de você não só um melhor empregado ou um melhor amante, mas acima de tudo uma melhor pessoa.
Parte da tragédia entre judeus e árabes é a incapacidade de tantos de nós, judeus e árabes a imaginar um ao outro. Realmente imaginar um ao outro: os amores, os medos terríveis, a raiva, a paixão. Há muita hostilidade entre nós, muita pouca curiosidade.
Judeus e árabes tem algo essencial em comum: ambos têm sido tratados brutal e coercitivamente pela mão violenta da Europa no passado. Os árabes através do
imperialismo, colonialismo, exploração e humilhações. Os judeus através de discriminação, perseguição, expulsão e ultimamente assassinato em massa numa
escala sem precedente.
Um pensaria que duas vitimas, e especialmente duas vitimas de um mesmo
opressor desenvolveria entre eles um senso de solidariedade. Na verdade, não é
assim que funciona, nem nos contos nem na vida.
Alguns dos piores conflitos são na verdade entre vitimas de um mesmo opressor – duas crianças de um pai violento não necessariamente se gostam. É comum verem no outro a imagem do pai abusivo.
E é exatamente o caso entre judeus e árabes no Oriente Médio. Enquanto os árabes consideram os Israelenses como Cruzados do últimos tempos, uma extensão da Europa branca e colonizadora; muitos Israelenses, de seu lado, consideram os
árabes como a nova encarnação de opressores do passado, criadores de carrascos e
Nazistas.
Essa situação cobra da Europa em particular uma responsabilidade para a solução do conflito israelense-árabe: ao invés de apontar o dedo para qualquer dos lados, os europeus deveriam estender empatia, compreensão e ajuda para os dois lados. Você não precisa escolher entre ser pró-Israel e ser pró-Palestina. Você tem que ser pró-paz.
A mulher na janela poderá ser uma mulher palestina em Nablus. Ela poderá ser uma mulher israelense judia em Tel Aviv. Se você quer ajudar a fazer a paz entre essas duas mulheres nessas duas janelas, é melhor você começar a ler sobre elas.
Leia contos, meus amigos. Eles vão lhe dizer muito.
É também oportuno para que cada uma dessas mulheres leia sobre a outra.
Aprender afinal o que torna a outra mulher na janela temerosa, raivosa ou esperançosa.
Não estou sugerindo que ler contos vai mudar o mundo. Eu sim sugiro, e assim creio, que ler contos é uma das melhores formas possíveis para se entender que todas as mulheres, em todas as janelas, ao final do dia estão urgentemente necessitadas de paz.
Literatura é arte. Conto é arte.

Hans Rookmaaker, um dos mais influentes pensadores cristãos da Arte e da Modernidade, foi um grande influenciador de Francis Schaeffer, e ambos são citados no livro Cristianismo Criativo de Steve Turner. Quero pegar uma citação de Rookmaaker: Arte não é religião, nem uma atividade relegada para uns poucos escolhidos, nem tampouco mundana, um assunto supérfluo. Nenhuma dessas visões é justa para com a criatividade que Deus agraciou o homem. É a capacidade de fazer algo bonito (assim como útil), da mesma maneira como Deus fez o mundo belo, e disse “É bom”.

Assim, arte não precisa de justificativa, ao invés disso, ela demanda uma resposta... A suprema justificativa para toda a criação é que Deus assim quis... Cristo morreu por nós para restaurar nossa humanidade, e trazer significado de volta para a criação de Deus... tudo na vida é cristão, a menos que queiramos fazer Cristo muito pequeno.

Parafraseando o Ed René Kivitz: Arte é cooperar com Deus para colocar ordem no caos ... cooperar na criação dEle.

A pergunta que deixo no ar: O que queremos ser? Marque a alternativa correta:
a) Pedra de Tropeço;
b) Ganhando o mundo e perdendo nossa alma;
c) Quakers isolacionistas;
d) Felizes turistas num passeio hedonístico pelo planeta terra;
ou
e) Sal e luz.

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